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Festas e Romarias


As festas e romarias tradicionais de Penela da Beira relacionam-se, essencialmente, com factos religiosos. Assim, celebram-se, na segunda quinzena de Agosto, durante dez dias, as festas em honra de Nossa Senhora da Piedade e de Nosso Senhor da Aflição, que são as mais antigas e as mais conhecidas da região.

Até há alguns anos atrás, estas festas eram animadas pela banda de música da casa do Povo de Penela da Beira, que não se encontra, actualmente, em actividade, integrando alguns dos seus antigos elementos outras bandas da região.

Outra das tradições da freguesia relaciona-se com o dia do corpo de deus, realizando-se uma procissão com algumas características peculiares, pois todas as ruas por onde passa a referida procissão são enfeitadas com tapetes de flores e, ao longo do caminho percorrido pelo cortejo, são construídos altares, onde se faz uma paragem para rezar.

As pessoas empenham-se bastante no enfeite das ruas, na construção dos altares e no enfeite das suas próprias casas, onde durante a procissão, são colocadas colchas nas janelas. Junto dos altares, estão sempre duas crianças, às quais chamam “anjinhos”, que devem lançar flores sobre o Altíssimo, enquanto se reza.

Uma outra particularidade da procissão do dia de corpo de Deus é que nunca leva andores.

A tradição do Cantar dos Passos, na Quaresma, pelas ruas de Penela da Beira, com paragem nas diversas estações (passos), com cânticos e rezas próprias, ainda se mantém viva:

 

Passos

Homens:

Bendita e Louvada seja a Paixão

E morte do Senhor, Jesus.

 

Mulheres:

E por nossos pecados

Ele será Tormentado e Morto na Cruz.

 

(Depois do último Passo)

Vós que fostes desterrado de Belém a Nazaré,

Desterrai os nossos peitos, Jesus, Maria e José.

Pelas montanhas do Egipto, com Jesus e São José.

Senhor Deus dai-nos auxilio e também, Paz e concórdia,

Para que digamos todos, Senhor Deus Misericórdia.

Misericórdia meu Deus , misericórdia Senhor

Misericórdia Vos pede, este grande pecador.

Pelas Vossas cinco chagas, pelo vosso divino amor.

Pelas Vossas cinco chagas, pelo vosso divino amor.

Amparai-nos meu Jesus, Tende-nos nas Vossas mãos.

E com toda a humildade Vos pedimos o perdão.

Com vosso filho nos braços, Amor e Santa Benção.

 

(Em frente à Capela de Nossa Senhora da Piedade)

Glórias à Virgem, Subimos às estrelas.

Criador criaste, aos peitos da pureza.

Vossos filhos nos deste, para que nos criou Eva

Para que no céu entremos às portas abertas.

Ó alto rei da entrada, sala de voz suprema,

Ó alto rei da entrada, sala de voz suprema,

Ó gente resumida, para tal grandeza.

Jesus Filho da Virgem, a vós glória seja.

 

(baixa a voz)

E com o padre da humildade.

Com o Espirito Santo viveis e reinais.

Por todos os séculos dos séculos amém.

Virgem soberana, outros campos dignos.

Soltem voz humana, cantigas divinas.

Que se torna o mundo, não é maravilha.

Vós sois Mãe e Filha, do senhora de tudo.

Que Eva perdeu, por nós se quebrou.

Quem tal vos criou, tal de vós nasceu.

Sois jardim cheirosa, plantado em ribeira.

Em campo formoso, formosa a oliveira.

Entre espinhos e rosas, lírios, juncos mágoas.

Em vós não há mágoa, toda cheia de graça.

cheia de graça cheia, enquanto o sol rodeia.

Enquanto o mar abraça, toda cheia de graça.

Cheia de graça cheia, amém.

 

(De regresso à Igreja)

Homens:

Senhor Deus, Misericórdia.

Todos:

Virgem mãe de Deus e mãe nossa.

Alcançai-nos do vosso amado filho misericórdia.

 

(já em frente à porta da igreja)

Nome de Maria, que tão lindo é.

Salvai a minha alma, que ela vossa é.

Que ela vossa é, sempre o há-de-ser.

Salvai a minha alma, quando eu morrer.

Salvai a minha alma, quando eu morrer.

Quando eu morrer, quando acabar.

Levai a minha alma, para bom lugar.

Para bom lugar, para o paraíso.

salvai a minha alma, dia de juízo

Dia de juízo, Senhora das Dores.

Salvai a minha alma, mãe dos pecadores.

Mãe dos pecadores, mãe de São José.

Salvai a minha alma, que ela vossa é.

Que ela vossa é, sempre o há-de-ser.

Salvai a minha alma, quando eu morrer.

Quando eu morrer, quando acabar.

Levai a minha alma, para bom lugar.

Para bom lugar, para o paraíso.

Salvai a minha alma, dia de juízo.

Dia de juízo, Senhora das Dores.

Salvai a minha alma, mãe dos pecadores.

Mãe dos pecadores, mãe de São José.

Salvai a minha alma, que ela vossa é.

Que ela Vossa é, sempre o há-de ser.

Salvai a minha alma, quando eu morrer.

Quando eu morrer, quando acabar.

Levai a minha alma, para bom lugar.

Para bom lugar, para o paraíso.

Salvai a minha alma, dia de juízo.

Dia de juízo Senhora das Dores.

Salvai a minha alma, Mãe dos pecadores.

Salvai a minha alma, Mãe dos pecadores.

 

Na noite de Consoada, faz-se, tradicionalmente, a queima do Cepo, no Largo da Peneirada, em frente à Igreja. Até aos anos setenta do século anterior, o cepo era puxado em carro de bois por homens, daí a designação de “bezerros” para os habitantes de Penela.

 

O Cepo de Natal

I

Na Noite de Consoada,

E logo depois da Ceia,

Juntava-se a rapaziada

No largo da Peneirada

 

II

Em completo silêncio ,

E tudo bem combinado,

Lá iam buscar o cepo

Num carro de bois carregado

 

III

A braços de homem puxado,

Lá vinham por altos cerros,

Pelo que os Penelenses

São chamados “Bezerros”.

 

IV

Ao chegar a madrugada,

Quentinhos que era um regalo,

O povo, com devoção

Ia prá Missa do Galo

 

V

Era esta a tradição,

Que com o tempo se for perdendo,

Embora na Peneirada

O Cepo continue ardendo.

 

Até 1942, existiu um mercado quinzenal em Penela da Beira, que funcionou durante cerca de cem anos, período em que esta localidade era a principal do concelho. Assim , se as povoações vizinhas precisassem de qualquer tipo de produto manufacturado, dirigia-se a Penela, onde se encontravam,  entre outros, o latoeiro, o carpinteiro, a modista, o barbeiro, os retalhistas.

No que diz respeito às danças e cantares típicos da freguesia, sobressai o facto de, até meados do século XX, estas serem feitas na rua, aos Domingos à tarde. As canções entoadas que, ainda hoje, perduram na memória são:” Não quero sapato raso”, “Jura Amor”, “Eu vi a Amélia”, “ O Setenta” e “Os pratos na cantareira”.
Estas canções foram recolhidas pelo grupo de Cantares “ o Sincelo”, do concelho de Penedono, que integra vários elementos de Penela da Beira, fazendo parte do seu repertório.
O bairrismo das gentes de Penela é, também, ilustrado, pela forma entusiástica com que cantam o seu Hino, obrigatório em todas as festas e convívios, bem como outras canções que são dedicadas à freguesia.

 

Hino de Penela

Penela onde eu nasci

Amo-te com devoção

Se eu morrer longe de ti

Mando-te meu coração.

 

Penela dos meus amores

Das lindas moças solteiras

És a terra mais bonita (bis)

Das serranias da Beira.

 

Penela tens o encanto

Da criança quando ri

Teu povo ama-te tanto

Que dá a vida por ti.

 

(...)

 

Penela linda princesa

Tua beleza sem par

Até o sol docemente

Te vem acariciar.

 

E a lua meiga e suave

Quando no céu a brilhar

Parece ficar parada (bis)

Só para te namorar.

 

Penela tens o encanto

Da criança quando ri

Teu povo ama-te tanto

Que dá a vida por ti.

 

(Repete toda a letra, desde o início)

(...)

 

Teu povo ama-te tanto

Que dá a vida por ti.

 

 

Oh Penelenses

Nossa terra tão beirã

Está na serra levantada

Beija-a o sol pela manhã

Beija-a o sol pela manhã

Dão-lhe as moças nomeada

Nas ondulantes searas

Vicejam lindas papoilas

São doçuras pedras raras

São doçuras pedras raras

Os lábios destas moçoilas

 

(refrão)

Oh Penelenses, a nossa terra

Onde há trabalho e harmonia

Cantai a todos, honrai a todos

Com alma, fé e alegria

Oh Penelenses todos prá festa

Cantar dançar do coração

Que os nossos calos só serão honras

E as nossas faltas terão perdão

 

II

Trinam rouxinóis cantigas

Nas copas de mil fruteiras

Cantam também raparigas

Cantam também raparigas

Na alegre faina das eiras

Gigantescos castanheiros

De envergadura tamanha

São o amor dos brasileiros

Que lá não comem castanhas

 

Marcha de Penela

Penela és festejada

Como tu não há igual

Pelas moças mais formosas

Pelas moças mais formosas

Do jardim de Portugal

 

(estribilho)

Oi, oai!

Quem quiser venha co'a gente

Pelas ruas a cantar

Sempre feliz e contente.

Oi oai espera aí que também vou

Não há ninguém que não queira (Bis)

Ir na marcha como eu vou.

Novos velhos e crianças

Festejando sem igual

vinde ver a contra-dança

vinde ver a contra-dança

o ai de cravos e rosas

Cravos e rosas cantando

Festejando sem igual

Penela canteiro alegre

Penela canteiro alegre

Do jardim de Portugal

 

Como tu não há igual

Linda terra feiticeira

Ao longe tens nomeadamente

Ao longe tens nomeadamente

Linda Penela da Beira

Só tu ó linda Penela

És jardim abençoado

Ai por cravos e flores

Ai por cravos e flores

Estás tu bem perfumada

 

Moços e moças passando

Pelas ruas a cantar

Fazem lembrar as tricanas

Fazem lembrar as tricanas

Ai no Mondego a lavar

O S. Pedro em Penela

Sempre trouxe animação

E até deixa Saudades

E até deixa Saudades,

Ai dentro do coração.

 

Esta Penela

I

Esta Penela tão querida

Não é aldeia isso não

É uma cascata estendida

Do Santo António ao Pendão

 

(refrão)

Ora vira prá aqui, aqui pró meu lado

Há muito prá ti, que eu já estou virado

Ora vira com jeito e reinação

Que eu trago em meu peito teu coração

 

II

Se eu Penela te deixar

Levarei no coração

A torre, a igreja e castelo

E o cabeço da Paixão

 

III

Da boca dos namorados

Aos lábios das raparigas

São mil beijos que se perdem

Pelos montes em cantigas

 

IV

Raparigas cantai todas

cantai mas tende cautela

Fazei ver a toda a gente

Que nós somos de Penela

 

V

Rapazes de outras aldeias

Vinde com tino p´ra aqui

Porque as moçoilas da terra

São p'rós rapazes daqui.

Publicado por: Freguesia de Penela da Beira

Última atualização: 06-02-2025

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